terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Marinanfetamina




Religiosamente, Marina seguia o mesmo ritual todos os dias.
Às 5h55 acordava o marido com um beijo, preparava o café, levava as crianças à escola.
Sem deixar passar nem um minuto, arrumava a casa e preparava o almoço antes que o relógio acusasse ser meio-dia.
12h30 buscaria os filhos na escola; 12h35 ouviria o que eles teriam para contar sobre o dia escolar.
Às 14h lia 30 páginas de algum livro e então tirava um cochilo cronometrado, que se findava às 15h20. Quando fosse 15h30 começaria a preparar um bolo e 16h10 tomaria um banho.
18h era o horário que começava a preparar o jantar para que então às 19h todos estivessem jantando juntos, à mesa.
Quando era 19h30, dava um suspiro de desânimo e enquanto lavava louça (às 20h) já pensava no cardápio do próximo dia.
Assim que seu relógio de pulso marcava 22h colocava as crianças para dormir, ia ao quarto para fazer amor com o marido. Às 22h433 ela fingia um orgasmo.
Exatamente às 22h51 tomava um último banho, trocava o óleo de suas peças e recarregava as baterias na tomada mais próxima.
23h em ponto se desligava.

Um comentário:

  1. Sabe, de vez em quando me sinto como Marinanfetamina, cujo nome, aliás, adorei. -qq
    Às vezes tenho um pouco dessa neurose, desse maquinismo.
    Conto da mulher dona de casa. Incrível.
    Adorei o blog :D

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