segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Esperança imortal



Sento-me na poltrona, em frente à sacada do apartamento. O ar da noite é frio e traz esperanças. O relógio marca algo entre duas e três da manhã, não sei com exatidão. O que sinto também não é exato. Olho para baixo e vejo o quanto a vida é frágil, um leve impulso e caio, despencando em câmera lenta. Ainda posso me ver lá em cima, olhando para mim mesmo e, se me conheço bem, sei que meu outro eu deve pensar que isso foi uma idiotice, jogar-se do décimo nono andar, mas não há o que ele possa fazer.

Enquanto caio, não se passa nenhum filme em minha mente, como costumam dizer. Só consigo pensar em quanto a vida é mais curta do que pensei. Fecho os olhos e imagino como será quando meu corpo se espatifar no chão, mas é uma sensação que nunca chega. Caio num abismo eterno dentro de mim mesmo.

O ar gelado me faz despertar, ainda no décimo nono andar, ainda em meu apartamento. Respiro aliviado. Não havia acabado, a esperança era imortal por mais uma noite. Irracional que sou, sobrevivo de novo.

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