A velha senhora-aranha resignava-se a fazer seu trabalho. Sentada
em sua cadeira macia, tecia tecia tecia sem parar, por dias a fio. Suas mãos
doloridas não cessavam a labuta dia e noite, pois era isso que esperavam dela.
Enquanto tecia, imaginava se um dia sairia dali para ver o
mar e se o mar pararia para ser visto, que não deve ter coisa mais bonita que
aquela imensidão azul, mesmo ela sendo levemente alérgica à água.
Sonhava e tecia, e sua criação tinha a forma das mais belas
ondas que nunca vira. O vermelho do sangue dos seus dedos machucados
misturava-se ao azul de sua nostalgia e amenizava o seu tédio.
Anos findados, a senhora-aranha deu por terminado seu
trabalho, mas houve um problema. Não conseguiu se levantar da cadeira. As teias
criadas transpassavam-lhe o corpo, os braços, as pernas. Não era possível se
mover. Estava presa dentro de si. E o mar nunca foi visto.
ao se fixar na imaaginação e sair da realidade ela perdeu irremediavelmente o foco no trabalho. Seu texto me faz pensar que ficar preso dentro de si mesmo tem sido tão comum.
ResponderExcluir