Se minhas mãos fossem de tinta, meu papel seriam muros, telas urbanas pedindo uma chance, e minhas cores – displicentemente colocadas – seriam história.
Um sujeito, atrasado para o trabalho, não resistiria a parar e olhar a tinta que ainda pulsava, seguindo o ritmo das batidas do coração do muro-mundo. Quando não é possível entender, você se resigna a sentir e deixa que seus olhos naveguem.
Se meus dedos fossem pincéis, minha arte seria imediata; não me engasgaria com vírgulas e verbos. Todas minhas ideias refletiriam traços, ainda que abstratos, sobre uma parede abandonada. Se minhas mãos fossem de tinta, jamais secariam.
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