A busca pela imortalidade deixara o ex-coronel e ex-boêmio Alexander Rubemberta exausto em demasia. Não se lembrava mais de família e amigos e estes com certeza não se recordavam de quem ele era (ou foi).
O dia teimava em não passar e o céu estava paralisado, tingido de laranja como se o pôr-do-sol durasse horas. Parecia eterna a escalada que Alexander Rubemberta fazia para chegar ao cume da Montanha Aurora, sentindo o ar rarefeito e a brisa congelando seus ossos velhos.
No topo, encontrou a velha cabana que imaginava encontrar, a grande pedra que imaginava encontrar, mas um ancião do qual não fazia ideia de sua presença; este último fato, entretanto, lhe trouxe um lampejo de esperança.
– Meu senhor, eu conseguirei? – Alexander Rubemberta perguntou esbaforido, sem saber com que nome tratar o velho homem, e caiu aos seus pés.
– O sol há de nascer amanhã?
O ex-coronel e ex-boêmio não disse nada. Sim, o sol nasceria amanhã, mesmo que o dia fosse nublado.
Com dificuldade se levantou e ambos caminharam até a grande pedra, que parecia ser maior ainda do que anteriormente descrita.
O ancião retirou pequenas ferramentas do bolso de sua túnica, ajoelhou-se e começou a talhar a pedra. Não demorou mais que poucos minutos.
– Pronto. És imortal agora. – o velho disse levantando-se e indicando o local na pedra em que acabara de gravar o nome do recém-chegado.
Alexander Rubemberta aproximou os olhos e viu seu nome bem pequeno na pedra tão imensa; e não era só isso. A pedra estava coberta de nomes, milhares ou mesmo milhões deles. Agora ele também era um imortal,como todos os outros.
– Venhas, imortal. Tomarás um chá comigo.
E os dois desapareceram dentro da cabana.
Nenhum comentário:
Postar um comentário