Não importava o lugar nem a hora. Qualquer um poderia ter engatado uma conversa com ele e mesmo assim ele parava de repente. Seu olhar ficava vago, seu rosto sem expressão. Numa dessas, até falava sozinho, pegava seu caderninho de lugar-comum no bolso, anotava algumas palavras e depois voltava ao normal, retomando a conversa.
Era durante o café, no ônibus, andando na rua; não tinha uma regra, simplesmente surgia e ele paralisava.
“Tirando isso, meu filho é bem normal”, a mãe tentava se justificar. De tanta insistência de vizinhos e outros sem importância, entretanto, ela resolveu levar o filho ao médico.
Foram feitos todos os exames necessários, uns que doíam, outros que doíam mais ainda, e o médico ainda não havia chegado a um resultado. Foi quando aconteceu. O rapaz ficou imóvel, olhar fixo no horizonte e em nada ao mesmo tempo. “Ah sim, isso mesmo”, disse baixinho consigo e anotou algo em seu caderno.
“Ele é maluco, não é? É sim!”, perguntou a mãe, em prantos.
O doutor suspirou aliviado. “Não se preocupe, minha senhora. Ele não é maluco, é apenas escritor.”
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