Checo o relógio mais uma vez antes de chegar à estação de trem. Eu quero estar lá na hora certa. Adentro o local e logo a vejo, sentada em um banco, a mala ao seu lado. Garota-de-nome-difícil. Os cabelos ondulados, que em outrora tanto lhe cansaram, reluzem refletindo o pôr do sol do momento.
“Quase chego atrasado”, digo sorrindo sem graça e me sento ao seu lado.
“Ainda há tempo”, ela diz e é como se o vento de primavera tivesse passado por ali. Sua voz de cerejeiras e brisas doces me faria falta. Ainda que continuassem tentando, ainda era impossível imitar o seu som.
“Se lembra de como nos conhecemos?”, ela pergunta.
Eu nunca havia me esquecido.
“Era novembro”, ela continua. “Você estava perdido entre ilhas e cubículos e conversamos sobre máscaras, sextas-feiras e roupas que nunca combinaram.”
“E agora você é toda importante e vai nos deixar.”
“Eu preciso. Estou cansada, você sabe. E esse não é o meu lugar.”
Eu sabia disso tudo.
O apito do trem avisa sua chegada. A garota se levanta e pega sua mala, que era pequena demais para levar tudo que ela vivera por aqui – eu esperava estar em algum cantinho espremido ali dentro.
Nos abraçamos.
“Garota-de-nome-difícil”, eu sussurro.
“Você sabe que meu nome é ... “
Balancei a cabeça, confirmando.
Me distraio por um momento procurando a carta que tenho que entregar a ela, mas quando meu olhar a busca, não consigo encontrá-la.
Pronuncio seu nome agora certo. Não gaguejo. Um gosto doce me vem à boca. Mas ela não está mais ali para ouvi-lo. O trem se afasta, deixando para traz fumaça e saudades.
para Julia
Brigada por tudo, Gu!!! Já sinto a tua falta...
ResponderExcluirAgarre com o coração o que as mãos simplesmente não conseguem...
ResponderExcluirBom domingo!