sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Simplificando



Você sempre esteve dentro da média. Sua voz era calma e serena, seus movimentos não tinham uma graça específica, por vezes eram até duros demais. Não consigo dizer se era bonita ou feia. Era comum. Se caminhasse entre uma multidão dificilmente seria notada, e alguma criança mais esperta poderia te olhar e pensar: “Nossa, como ela é comum.” E ela estaria certa.

E como era bondosa... quase daquela bondade extrema que te faz ser passado para trás entre negociadores. Você era setenta e três por cento bondade. Pessoas boazinhas nunca me encantaram e foi por isso que amei você vinte e sete por cento. Amei você quando fazia caretas de raiva e quando respirava fundo para não explodir. Amei você naquele dia que soltou um palavrão entre dentes, cansada de esperar clientes indecisos na padaria que teimavam em experimentar os quitutes um a um, enquanto sua vez não chegava e você morria de vontade de comer um sonho.

Você foi sempre tão simples e acho que justamente por isso não foi difícil amar você, mesmo o pouco que amei. Até seus defeitos (os poucos existentes) soavam doces quando ditos.

Foi fácil te amar, como também foi fácil te esquecer. Quando saio com alguma mulher mais efusiva, entretanto, e ela fala alto e me constrange, sinto falta do seu beijo comum, quase sem gosto, do nosso papai-mamãe e de como você me acordava com um simples bom dia toda manhã.

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